quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Abrindo mão (?)


Tenho a impressão de que nem sempre é simples abrir mão da nossa vontade. Ainda que seja o mais sensato, ainda que seja pelo bem do próximo. Será que estou equivocado? Ou naturalmente conseguimos ceder a vez, dividir o que é (por direito) nosso, adiar um compromisso em prol de outra pessoa?

Como diria uma excelente professora que conheci na faculdade, dizemos nos preocupar com a nossa espécie, mas passamos a maior parte do tempo pensando no indivíduo, ou seja, no "eu". Claro que precisamos de um tempo para pensar em nós mesmos, e analisar o que é relevante para nossas vidas. Porém, viver focado em nosso "mundinho" pode nos deixar "cegos"!

É possível que ainda haja "espaço" para o pensamento clichê de que "devemos nos colocar no lugar dos outros" em dadas circunstâncias. Afinal de contas, muitas vezes os outros somos nós. E provavelmente, sempre haverá alguma satisfação no ato de abrir mão. Cabe a cada um (inclusive o autor) ter sensibilidade para enxergar. 

6 comentários:

  1. O altruísmo é lindo, é belo, mas tem limites! Eu conheço gente extremamente "altruístas" que simplesmente abriu mão da própria vontade em função dos outros e hoje não consegue se encontrar, não consegue saber qual é a própria vontade e não consegue mais tomar decisões próprias, pois vive para fazer a vontade dos outros. E nessa de ajudar sempre, abriu mão de coisas importantes. Nessa de ajudar conseguiu muitos amigos (todos interesseiros), e também perdeu esses muitos amigos, quando não havia algo a mais para oferecer.

    Minha filosofia é a seguinte: Cada um cuide de si e não interfira na vida do outro.

    Eu descobri de uma forma chata que muitas vezes ao tentar ajudar a gente pode atrapalhar, por levar o outro ao comodismo. Resolver os problemas dos outros só faz com que o outro arrume mais problemas!

    Eu não posso consertar o mundo, nem quero. Só quero consertar a mim mesma e respeitar os que me cercam.

    Claro que é difícil ver quem a gente ama (família e amigos) precisando de algo e não fazer nada pra ajudar. Mas é necessário mensurar até que ponto.

    Eu abri mão de algumas coisas, não "por causa" de pessoas e sim por mim, porque algumas pessoas são mais importantes do que coisas.

    Então na verdade abrir mão de sua vontade pela vontade do outro é apenas a "sua vontade" de cuidar do que é "prioridade pra você".

    O ato aparentemente altruísta (de abrir mão de si, pelo outro) é na verdade algo completamente egoísta.

    A pessoa altruísta da qual eu falei no começo, é na verdade egoísta, apenas queria alimentar o próprio ego ajudando os outros. E desestruturou o que é mais importante nessa vida, quem realmente importa... a família!

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  2. Mas focando mais no seu post, e aproveitando tudo o que já falei no comentário sobre altruísmo...
    Abrir mão de minha vontade? Jamais!
    Só faço a vontade dos outros se essa for a minha vontade também.

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  3. Quanto a se colocar no lugar dos outros, pra mim esse é o princípio do respeito.
    O limite para minha vontade condiz com o princípio do respeito ao próximo.

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    Respostas
    1. Olá Quesia,

      Obrigado pelos comentários. É sempre bom ouvir outros pontos de vista, mesmo quando não concordamos com todos eles.

      A princípio, posso dizer que os textos (músicas, filmes) podem possuir interpretações distintas por parte do espectador. E creio que isso possa ocorrer por interesse do seu autor, por dificuldade do mesmo transmitir suas ideias, pela livre interpretação do espectador, dentre outros.

      Não quero justificar o texto ou mesmo voltar atrás no que escrevi. De qualquer forma, gostaria de ressaltar apenas duas coisas. Uma delas é que quando falo de abrir mão, falo de questões "simples". Penso que muitas vezes são circunstâncias em que como disse no post não queremos tomar a decisão mais sensata para fazer aquilo que desejamos. Pode ir desde comprar algo que deseja muito, mas não é "interessante" devido a condições financeiras, até abrir mão de uma viagem bacana porque um ente querido se encontrado enfermo.

      O segundo ponto é justamente o fato de não ter a intenção de falar de altruísmo, isso seria assunto pra um outro post que pode ocorrer em algum momento. Definir altruísmo é algum muito completo, bem mais do que muitos podem pensar. Falo basicamente de uma experiência que vivenciei recentemente, bem como na maioria dos outros posts.

      Continuo acreditando que precisamos encontrar um equilíbrio racional e "saudável" entre o que é viver individualmente e coletivamente. Ambos são necessários, na minha singela opinião.

      Muito obrigado pelo tempo e atenção dispensada!

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  4. Quando se trata de abrir mão de algo, seja em função dos outros ou de si mesmo, nada é simples, automático ou natural.

    As pessoas vivem caindo em extremos, diga-se de passagem, perigosos. Ou se isolam, devido a inúmeras razões ou "abraçam" de forma doentia os problemas e sentimentos alheios, a ponto até mesmo de esquecerem de si mesmos. Muitos fazem isto - pasmem - por razões extremamente egoístas. Estranho e incômodo pensamento, mas nem por isso menos verdadeiro.

    Renunciar algo da forma correta e sadia, sem extremos, só é possível se percorremos a mesma trajetória que Cristo traçou. Ele nos deu diretrizes suficientes para sabermos que não há possibilidade de vivermos sem precisar uns dos outros.

    Isso é pura GRAÇA. É convivendo com as diferenças, anseios, pensamentos,pessoas e atitudes que nos são tão diferentes e muitas vezes, contrários a nós, que percebemos que calar o próprio sofrimento nos permite ouvir aquele que chora ao nosso lado e partilhar das mazelas que podem ser diversas para cada um, mas nos afetam com a mesma intensidade. E por que é graça, ameniza a dor e traz riso apesar dela.

    Como diria o sábio John Donne:"Nenhum homem é uma ilha,completo em si próprio; cada ser humano é uma parte do continente, uma parte de um todo."

    Parabéns pelo texto,Wagner. Abração.

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  5. Oi Gerlane,

    Muito bom! Não havia pensado na "questão" de Cristo, não no presente momento. Mas é válido ressaltar, que se tem alguém que entende de "abrir mão" das coisas, esse alguém é Jesus.

    Gostei muito do pensamento do John Donne. Nos instiga a uma boa reflexão... e quem sabe um futuro debate! =)

    Volte sempre!

    Forte abraço!

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