O mesmo adolescente que não suporta ser chamado de criança, insiste em não largar a chupeta, a mamadeira, as fraldas. O tema era o acidente nuclear de Chernobyl (1986). A causa do acidente fica em segundo plano, quando passamos a falar das consequências do desastre. Milhares de mortes, crianças que nasceram deformadas, inúmeras viúvas. Tudo resultado da radioatividade liberada pela usina. De um lado da sala (repleta de adolescentes), vejo pessoas sensibilizadas, dividindo o mesmo ambiente com outras, que acham graça do ocorrido. As mesmas que sempre conseguem formular piadinhas com assuntos sérios como AIDS, câncer, miséria, corrupção. Incrível como tudo é motivo de graça para a grande maioria, que bem ou mal, estará no comando das coisas num futuro não muito distante. Se o adolescente não tem a obrigação de levar tudo tão a sério, já tem ao menos, idade, para começar a discutir certos assuntos. Para refletir, opinar, questionar, intervir. Se é fato que alguns adolescentes conseguem me alcançar com genuína sensibilidade. Outros me deixam perplexos com tamanha imaturidade.
"Podemos ter um grande talento e sermos estúpidos de sentimentos e moralmente imbecis"
/Miguel de Unamuno/