terça-feira, 20 de novembro de 2012

"Eu tenho um sonho..."


20 de Novembro - Dia da Consciência Negra

Não vou tirar o dia para falar sobre a necessidade (ou não) de cotas para afrodescendentes, preconceito, racismo... Mas aproveitar o espaço, para fazer minha singela "homenagem" a dois grandes homens! Costumo dizer que não tenho ídolos (não gosto desse termo), mas certamente admiro algumas pessoas (nem sempre conhecidas publicamente) e prefiro enxergá-las como boas influências.

Martin Luther King e Nelson Mandela foram dois homens que lutaram contra a segregação racial imposta por muitos anos no Estados Unidos e África do Sul, respectivamente, o que resultou em anos de violência, desigualdade social e humilhação para o "povo" negro. Baseados nos métodos de Mahatma Gandhi, que pregava o protesto sem violência, ambos, lideraram a comunidade negra, na busca por direito iguais.

Martin Luther King

Martin Luther King Jr. nasceu em 15 de janeiro de 1929, em Atlanta, Geórgia (Estados Unidos). King foi um dos maiores ativistas dos direitos civis dos negros norte-americanos. Sempre pregou o protesto pacífico, liderando uma série de marchas em favor de direito a voto, condições dignas de trabalho, fim da segregação, etc. Em outubro de 1964, Martin é agraciado com o Prêmio Nobel da Paz. Em seu discurso de agradecimento diz: "Sinto como se este prêmio me tivesse sido dado por alguma coisa que realmente não foi alcançada. É uma incumbência de sair e trabalhar ainda mais arduamente pelas coisas em que acreditamos".

Mas o prêmio não foi o bastante, King não lutava por reconhecimento, seus ideais eram outros. Em 1965, se opôs a Guerra do Vietnã: "Não vou ficar parado vendo a guerra se intensificar sem dizer nada a respeito. É inútil falar sobre integração se não há nenhum mundo a integrar. A guerra do Vietnã precisa ser interrompida". Luther King convenceu a atriz Nichelle Nichols a não abandonar Star Trek, quando a mesma pensava em abandonar o seriado. Nichelle se sentia injustiçada no estúdio, mas Luther King ressaltou a importância de um representante negro, em um programa de grande repercussão na televisão.

O líder negro, ficou conhecido também por belos discursos, com destaque para "Eu estive no topo da montanha" (1968) e o mais conhecido deles "Eu tive um sonho" em 1963. No entanto, no dia 4 de abril de 1968, uma bala interrompeu a trajetória do pastor, ativista, esposo e pai de família. Martin foi alvejado por um atirador, em uma varanda de hotel, momentos antes de liderar uma manifestação em apoio à trabalhores da limpeza urbana de Memphis, Tennessee. Ele tinha apenas 39 anos.

Martin Luther King Jr. morreu jovem, mas com um grande legado. Muitos devem dizer que pagou um preço muito alto. Certamente. Todavia, discordo dos que pensam que sua morte tenho sido em vão. Afinal de contas, os seus ideais ecoam até hoje, chegando ao conhecimento de pessoas que nunca sonharam o conhecer, mas compartilham dessa causa.

"Se alguém estiver perto de mim quando chegar o meu  dia, não desejo um grande funeral. E se alguém quiser falar de mim, que não seja muito. Digam que não mencionem que eu tenho o Prêmio Nobel, nem que recebi trezentos ou quatrocentos  outros prêmios  mais.  Isso não importa.  Eu só quero que digam que Martin Luther King tratou de amar alguém. Sim, digam que eu era um tambor. Um tambor da justiça. Um tambor da  paz. Um tambor da retidão". (Martin Luther King)

Nelson Mandela

Nelson Rolihlahla Mandela nasceu em 18 de julho de 1918, em algum lugar da África do Sul. Formado em Direito, foi o principal representante na luta contra o Apartheid, sistema segregacionista oficializado em 1948 na África do Sul. Mandela esteve engajado na luta contra várias "leis" do Apartheid como: a proibição de negros circularem em determinadas áreas urbanas, a criação de banstustões (bairros destinados a negros), negros proibidos de utilizar banheiros e bebedouros públicos, sistema educacional separado para brancos e negros, etc.

Mandela juntamente com seus aliados, fazia uso de técnicas de resistência pacífica e desobediência civil contra as leis segregacionais. No entanto, Mandela julgou ser necessário recorrer a luta armada, após o trágico Massacre de Sharpeville (1960), em que a polícia tentou controlar um protesto popular (na base da violência), resultando na morte de 69 pessoas. "Aqui, temos que decidi a partir da nossa própria situação. A situação neste país é que é hora de considerar, uma luta armada, porque as pessoas já estão formando unidades militares, a fim de iniciar atos de violência".

Em 1962, Mandela viaja por alguns países, buscando se "aprimorar" sobre a arte da guerra, na intenção de desenvolver estratégias militares muito bem organizadas. No entanto, ao retornar ao seu país é preso e condenado a cinco anos de prisão. No tribunal, não nega a participação no movimento anti-apartheid e justifica a decisão de recorrer a violência. Em 1964 é condenado a prisão perpétua.

Nelson Mandela é libertado pelo então presidente sul-africano Frederik Willem de Klerk, em 9 de fevereiro de 1990, após passar 27 anos preso. Em 1993, mais uma vez a trajetória de Mandela coincide com a de Martin Luther King, recebe o Prêmio Nobel da Paz. O que poderia parecer impossível (ou fruto de uma obra hollywoodiana) acontece no dia 10 de maio de 1994 data de aniversário do autor do texto, quando Mandela é eleito o primeiro presidente negro da África do Sul.

Ao fim do seu mandato, se envolveu em questões sociais e de direitos humanos, recebendo diversas condecorações ao longo do mundo. Também se envolveu em campanhas contra a AIDS, doença que "levou" seu filho Makgatho Mandela em 2005. Nelson Mandela é considerado por muitos como um símbolo (vivente) da paz, após passar anos lutando contra o Apartheid. Hoje, aos 94 anos e ainda dotado de um grande carisma, reside com familiares em Qunu (África do Sul), gozando de uma merecida aposentadoria.

"Os ideias que cultivamos, nossos maiores sonhos e esperanças mais ardentes podem não se realizar durante a nossa vida. Mas isto não é o principal. Saber que em seu tempo você cumpriu seu dever e vive de acordo com as expectativas de seus companheiros é em si uma experiência compensadora e uma realização magnífica". (Nelson Mandela)

Mandela e Luther King foram homens que lutaram por uma causa, mesmo tendo que chegar as últimas consequências, por acreditar naquilo que sonhavam. E por conta disso, pagaram um preço muito alto. Entretanto, os ideais de ambos, foram propagados como um forte "grito" contra opressão. Um grito que foi responsável por libertar e "salvar" milhares (talvez milhões) de vidas.

"Eu tenho um sonho de que meus quatro filhos pequenos viverão um dia numa nação em que não serão julgados pela cor da sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter". (Martin Luther King)

Martin Luther King morreu. O sonho não!

Lápide de Martin Luther King
"Enfim, sou  livre. Enfim, sou livre
Graças a Deus, Todo Poderoso
Porque enfim, sou livre"

PS: Falei apenas de dois grande ícones da luta contra a segregação. No entanto, não podemos esquecer de outros nomes importantes como: Zumbi, Rosa Parks...

Fonte


King, S. C. 2009. As palavras de Martin Luther King. Editora Zahar.
Mandela, Nelson. 2010. Conversas que tive comigo. Editora Rocco.

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