Essa é a pergunta que não quer calar.
Porque estou sempre a procurá-lo.
Como um pássaro livre que pousa na janela toda manhã.
E chega na hora que bem entende.
De onde vem o texto?
Talvez venha de fora.
Seja dos relatos que ouço ou do café compartilhado.
Dos livros que leio, das músicas que me embalam.
De onde vem o texto?
É possível que brote por dentro.
Como nos desabafos que faço.
Ou quem sabe seja fruto daquilo que vejo.
Resultado do riso ofertado, do choro represado.
De onde vem o texto?
Possivelmente, de coisas que sinto.
Da caminhada sem rumo.
Do silêncio que ensurdece ou do barulho que pode inebriar.
Das respostas que não tenho.
E culminam numa incerteza que ora paralisa, ora impulsiona.
De onde vem o texto?
Inegavelmente da forma sútil como a vida pode ser mais leve.
Seja através canto dos pássaros, pureza das crianças, o vento que sobra.
De onde vem o texto?
Será que daquilo que machuca? Ou daquilo que alivia?
De muitos lugares, múltiplas formas e momentos incertos.
De um jeito que não sei explicar.
Porque é ele quem sempre me encontra, e não o contrário.
"De onde vem a canção?
Quando se materializa
No instante que se encanta
Do nada se concretiza
De onde vem a canção?
Pra onde vai a canção?"
/De onde vem a canção - Lenine/