"Digam o que disserem
O mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria arrogância
Esperando por um pouco de afeição..."
Foi em uma canção intitulada "Esperando por mim", que Renato Russo, proferiu as palavras acima. No último álbum lançado (ainda em vida) pela Legião Urbana, A Tempestade (1996), considerado por muitos como o mais melancólico e triste da banda.
Não sei se a solidão foi de fato o "mal do século" passado, mas sei que ela continua bem presente no atual. Mas como assim? Vivemos em um mundo rodeado de e-mails, mensagens, rede sociais, etc... onde falamos diariamente com o amigo de infância que não vemos a duas décadas, namoramos com alguém que vemos mais pelas conferências das redes sociais do que pessoalmente e somos cobrados por um chefe que vive fora do país e ainda assim, sabe de cada passo que dou no trabalho.
Certamente essas novas tecnologias são essenciais nos tempos atuais. Mas infelizmente, muito desses adventos quando utilizados de forma equivocada (a depender do ponto de vista), acabam por afastar e/ou isolar as pessoas, ainda que muitos pensem o contrário disso. Pode parecer exagero pensar assim, mas posso falar de casos assim em outras oportunidades. A intenção hoje é de falar que a como a atenção (ou falta dela) podem ser determinantes no futuro das pessoas. Principalmente das crianças, nossas crianças!
Engraçado como estamos tão preocupados em "salvar" o mundo (falo com propriedade devido a minha profissão), em acabar com a fome, reivindicar melhorias para a população, conseguir abrigo para os cãezinhos de rua, etc. Mas muitas vezes, não somos capazes de olhar para o "lado" e solucionar um problema tão simples. Que seja um "oi", um sorriso, um pouco de atenção ao ouvir um problema alheio. O que por vezes temos a oferecer (e julgamos muito pouco), pode ser muito útil para o outro.
Tenho sido agraciado de tempos em tempos com comentários e demonstrações de carinho de pessoas que passaram pela minha vida e vice-versa, que relatam (ainda que apenas com ações) que de alguma forma fui importante em algum momento para elas. A única coisa que me vem a mente nessas ocasiões, é que em algum momento essas pessoas se sentiram importantes seja com uma palavra de apoio, um olhar, um conselho, uma bronca ou mesmo com o meu silêncio.
Não tenho dúvidas de que uma palavra de apoio (quem não tem ou teve uma amigo?) ou mesmo um abraço em certos momentos valem mais que ouro. Porque bater um papo com aquele bom amigo que mora na rua de cima pela internet, se podemos conversar e dar boas risadas com ele na calçada de casa como nos velhos tempos. Encerro, ainda sem saber se Renato Russo tinha razão, mas vale a pena atentar para o que a canção diz. Afinal de contas todos nós estamos "Esperando por um pouco de afeição...".